TODO PROFESSOR TEM O DIREITO DE SER CHAMADO DE MESTRE
Que
a profissão de professor goza de relevante prestígio na sociedade brasileira, sobretudo, no imaginário popular, isso é inegável. Por outro lado, continua não
sendo nada fácil para os docentes brasileiros, especialmente nas pequenas
cidades, permanecer na profissão mesmo com as recentes conquistas no tocante à
remuneração e formação continuada, ou mesmo da conquista de planos de carreira.
Aponto
como principal nó de amarra que impede uma ascensão melhor na carreira docente
a formação continuada. No Brasil ainda temos cerca de 15% dos professores na
educação básica com formação apenas de ensino médio, portanto sem grandes avanço na carreira. À título de informação, a formação inicial em alguma
licenciatura já renderia um acréscimo de 40% sobre o salário base ou piso
nacional do magistério público. Uma pós graduação, outros 10%.
Com
este cenário a carreira do magistério vai ficando desprestigiada frente a outras
com formação de nível superior, uma vez que são os professores os profissionais
com menor remuneração dentre aqueles que cursaram alguma faculdade (algo perto
de 74% do que ganham outros profissionais com mesmo nível de escolaridade). Por
isso verificou-se por pesquisa do jornal O Globo que somente 2,4% dos jovens brasileiros
almejam ingressar na profissão. E ainda, segundo a mesma fonte, 49% dos
professores não recomendariam a docência a um jovem.
Para
atravancar ainda mais as possíveis soluções para esta situação precária, as
políticas públicas tanto do Ministério da Educação quanto das secretarias estaduais
e municipais, tomam o salário do professor como o mais alto “custo” das variáveis
que compõem o valor investido na educação básica. Dessa (i)lógica parece ser
gerada toda á má vontade das sucessivas gestões em garantir aos professores o
direito à formação continuada, não apenas em nível da primeira graduação, mas
assegurando-lhes incentivos e vagas nas academias para que alcancem ao longo de
suas carreiras mestrado profissional e, mesmo o doutorado.
Uma
escola de qualidade pressupõe um professor qualificado, com um salário
compatível com seu nível de formação, requer ainda uma jornada de trabalho que
garanta, de preferência, a dedicação exclusiva a uma escola, com turmas não
superiores a 30 alunos e com recursos didáticos que incluam, pelo menos, uma
biblioteca com profissional habilitado, um laboratório de ciências e de
informática e um kit de material didático para o aluno e para o professor. Uma
escola dessas não é barata, mas relembrando Anísio Teixeira, um projeto desses
É custoso e caro, porque são
custosos e caros os objetivos a que visa. Não se pode fazer educação barata –
como não se pode fazer guerra barata. Se é a nossa defesa que estamos
construindo, o seu preço nunca será demasiado, pois não há preço para a
sobrevivência. E (...) todos sabemos que sem educação não há sobrevivência
possível.
Portanto,
União, Estados e Municípios precisam repactuar os investimentos da educação,
respeitando o direito à formação continuada dos docentes, cumprindo a Meta 16
do Plano Nacional de Educação PNE, a qual mensura ofertar cursos de pós
graduação a no mínimo 50% dos profissionais da educação básica. Como atualmente
os próprios professores já investem em cursos de especialização que são
facilmente encontrados em suas cidades, mesmo nas menores e distantes de
grandes centros universitários, vejo como prioridade acelerar a oferta de vagas
em cursos de mestrados.
ARIAMIRO
DO NASCIMENTO NETO (INHO)
Pedagogo
(ULBRA)
Pós
em Docência no Ensino Superior (Faculdade Católica do Goiás)
Professor
da Rede Municipal de Ensino de Cafarnaum Bahia
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